Cai mortalidade por câncer no Brasil

De 2003 a 2012, a variação anual das mortes relacionadas ao câncer entre os homens caiu 0,53% e entre as mulheres, 0,37%.

A taxa de mortalidade por câncer teve uma pequena queda no Brasil na última década. De 2003 a 2012, a variação anual das mortes relacionadas ao câncer entre os homens caiu 0,53% e entre as mulheres, 0,37%. Os números, divulgados nesta sexta-feira, fazem parte do Atlas de Mortalidade por Câncer no Brasil, documento elaborado pelo Instituto Nacional de Câncer José de Alencar Gomes da Silva (Inca), ligado ao Ministério da Saúde.

Os dados mostram um pequeno aumento no último ano incluído no documento. De 2011 a 2012, o índice de óbitos a cada 100 000 homens aumentou de 100,47 para 103,2. Entre as mulheres, a alta foi de 83,99 para 86,92. Nesse período, a quantidade de homens que morreu em decorrência da doença elevou-se de 94 649 para 98 033, e a de mulheres subiu de 82 455 para 86 040.

Esse crescimento, entretanto, está relacionado à melhora da qualidade da informação estatística. “O aumento discreto não significa uma elevação real. Ele se deve a mais notificações, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, que melhoraram o diagnóstico e atualmente têm mais precisão em informações médicas”, explica o cirurgião oncologista Thiago Celestino Chulam, coordenador do Programa de Prevenção do Câncer do Hospital A. C. Camargo.

Tumores — O câncer de estômago foi o que apresentou a maior diminuição de mortalidade na década. A queda foi de 2,95% entre os homens e 2,49% entre as mulheres. De acordo com o Inca, esta redução se deve à melhoria do saneamento básico e conservação de alimentos no Brasil, que diminuiu a incidência da bactéria Helicobacter pylori, o maior fator de risco para o desenvolvimento desse tipo de câncer.

No mesmo período, as taxas de mortalidade por câncer de próstata caíram 0,39% e de colo de útero, 1,62%, enquanto os dados de câncer de mama se mantiveram praticamente estáveis. Segundo o Inca, os casos de câncer de mama, próstata e colo de útero no Brasil estão aumentando. As taxas de mortalidade estáveis ou em queda demonstram o maior acesso ao diagnóstico precoce e tratamentos no país.

Entre os tipos de câncer mais letais, o índice ligado aos tumores de intestino apresentou crescimento. Subiu 1,65% entre os homens e 0,37% entre as mulheres. O Inca explica esse aumento pela elevação da taxa de obesidade no país. Já o câncer de pulmão apresentou uma diminuição de mortalidade de 1,65% na população masculina e aumento de 1,47% entre as mulheres. A tendência é que a mortalidade feminina e masculina se tornem semelhantes e, de acordo com o Inca, reflete o padrão de tabagismo das duas últimas duas ou três décadas.

Letalidade — Entre 2011 e 2012, a taxa de letalidade aumentou nos cinco tipos de cânceres mais incidentes no sexo feminino: mama, brônquios e pulmões, colo de útero, estômago e cólon. Para cada 100 000 mulheres, o índice de mortes subiu 11,88 para 12,10 no caso do câncer de mama e de 7,81 para 8,18 no de carcinoma de brônquios e pulmões.

Entre o sexo masculino, dos cinco dos carcinomas mais letais, o índice de óbitos do período teve uma leve queda apenas no caso do tumor de esôfago: de 6,54 para 6,53. No caso do câncer de pulmão, o mais fatal entre eles, subiu de 15,01 para 15,54. A taxa elevou-se de 13,50 para 13,65 no tumor de próstata, o segundo mais letal. Já os números de câncer de estômago subiram de 9,36 para 9,39 e os de fígado, de 4,98 para 5,46.

Sobrevida — Na terça-feira, um grande estudo publicado no periódico The Lancet constatou que as pessoas estão vivendo mais depois de serem diagnosticadas com câncer no mundo. De acordo com os pesquisadores, porém, a sobrevida varia muito de país para país, e é menor na América do Sul, América Central, África e Ásia do que na Europa, América do Norte e Oceania.

A pesquisa revelou que em 18 países mais de 85% das mulheres sobrevivem pelo menos cinco anos após a descoberta do câncer de mama. É o caso do Brasil: de 1995 a 1999, 78,2% das pacientes tinham esse tempo de sobrevida; entre 2005 e 2009, 87,4% delas viviam mais de cinco anos.

O Brasil também é referência no caso do tumor de próstata, ao lado dos Estados Unidos. Nos dois países, 95% dos pacientes vivem cinco anos ou mais depois do diagnóstico.

Os números brasileiros pioraram, no entanto, no caso do câncer de estômago. O índice de pacientes que sobrevivem cinco anos ou mais após o diagnóstico da enfermidade caiu de 33,1% entre 1995 e 1999 para 24,9% de 2005 a 2009.

O país também está mal avaliado no caso do câncer de ovário: apenas 31,8% das mulheres sobrevivem cinco anos ou mais. Nesse tipo de tumor, o país que apresenta o melhor índice na América do Sul é o Equador, onde 40% das mulheres com a doença vivem pelo menos cinco anos.

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