Para muita gente – em especial quem está lutando para manter o peso –, sentir o cheirinho de doces ou frituras é simplesmente irresistível. Tem como evitar roubar uma batata frita quentinha ou dar uma colherada em um sorvete com calda de chocolate?
Será que há uma maneira de ‘convencer’ o cérebro de que aquele prato de salada é muito mais gostoso que a porção de torresminho?
Tem, sim – o segredo é associar alimentos gordurosos ou açucarados a coisas bem nojentas. Esta é a idéia por trás da pesquisa da psicóloga norte-americana Kristina Legget, da Universidade do Colorado (EUA), que o SobrePeso explica com exclusividade.
BARATAS FRITAS?
[quote_right]Experimento associou imagens de alimentos gostosos a coisas como formigas, baratas…[/quote_right]Segundo Kristina, é possível utilizar uma técnica psicológica subconsciente para treinar o cérebro a preferir alimentos saudáveis e sentir uma certa rejeição àqueles que fazem mal à saúde. Em tese, esta seria uma maneira eficiente de ajudar quem deseja perder peso a se alimentar melhor.
A técnica é descrita em um estudo publicado na última edição do periódico médico American Journal of Clinical Nutrition (link abaixo para o artigo).
No artigo, os cientistas descrevem um experimento no qual mostraram a voluntários uma imagem bem atraente de uma comida “gorda” (como batatas fritas). Perguntaram “Quanto você quer comer isto agora?” – e a maioria das pessoas respondeu “Muito!”.
[quote_right]Imagens “nojentas” apareciam tão rápido que ninguém percebeu que as viu[/quote_right]Agora vem a parte “nojenta”. Após verem a foto da comida apetitosa, os voluntários observaram por meio segundo uma tela branca. Logo a seguir, a foto da comida voltou a aparecer. Porém, entre a exibição da tela branca e o retorno da foto, os pesquisadores incluíram uma imagem perturbadora (como formigas andando sobre uma pizza, uma barata ou uma perna mutilada!), sendo exibida super rápido (apenas 20 milisegundos).
A foto desagradável passou tão rápido que ninguém percebeu. Isto é, todos viram a imagem, mas não deu tempo para o cérebro “processar” a informação. Porém, foi tempo suficiente para os olhos captarem a foto e ela ser processada por uma região cerebral chamada amígdala, a qual associou a imagem nojenta a sentimentos ruins.
Com isso, quando a imagem da comida deliciosa voltou a aparecer, um número bem menor de voluntários estava disposto a experimentá-la, já que o cérebro estava “ligado” na má impressão causada pela foto anterior.
APLICATIVO PODE ESTAR A CAMINHO
“Três a cinco dias depois do experimento, os voluntários mostravam a mesma redução no desejo de comer o alimento hipercalórico”, disse Kristina. Isto mostra que o cérebro associou, de fato, a imagem ruim à comida, e que o efeito pode ser prolongado.
A pesquisadora e sua equipe, em entrevista à mídia internacional, afirmam que já pensaram em desenvolver um aplicativo. Ele treinaria o cérebro para preferir certos tipos de comida através da associação de imagens.
Se você tem dificuldade de parar de comer chocolate, por exemplo, ligaria o aplicativo e ele associaria fotos de chocolate a imagens desagradáveis (que seriam exibidas tão rápido que apenas seu inconsciente teria ciência delas!), reduzindo os impulsos de fome.
SERÁ QUE DÁ PARA USAR A TÉCNICA PARA PERDER PESO?
Nem a própria autora do estudo acha que a técnica ajudará as pessoas a perder peso. Segundo ela, tal estratégia só funciona com um alimento de cada vez – então não funcionaria para quem gosta de comer vários tipos diferentes de doces! Além disso, se a pessoa souber que está participando de um “experimento subconsciente”, é provável que o resultado final não seja tão positivo.
Mas o motivo principal para a técnica não dar certo é este: comidas repletas de açúcares e gorduras possuem um poder atrativo enorme sobre as pessoas, muito maior do que qualquer efeito repulsivo subconsciente jamais será.
“Existe esta batalha acontecendo no seu cérebro, de um lado o efeito fraquinho da sugestão subconsciente versus o efeito forte da comida em si”, afirmou Kristina. “Estas são forças poderosas que você precisa lutar contra”.
No final das contas, parece que a boa e velha força de vontade ainda é a arma mais eficaz para evitar alimentos que não fazem bem ao corpo. Saber o motivo pelo qual comer batatinhas não faz bem, e por quê ingerir alimentos naturais faz bem, é uma maneira “natural” de se convencer a comer direito.
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Trabalho Científico: Kristina T Legget, Marc-Andre Cornier, Donald C Rojas, Benjamin Lawful, and Jason R Tregellas. Harnessing the power of disgust: a randomized trial to reduce high-calorie food appeal through implicit priming. American Journal of Clinical Nutrition [vc_button title=”Clique aqui para baixar” target=”_self” color=”default” size=”size_small” href=”http://ajcn.nutrition.org/content/102/2/249.full”]