A Ciência finalmente encontrou provas de algo que muita gente já desconfiava ser verdade: as emoções positivas que nascem da admiração pela Natureza, da beleza da arte e da religião possuem uma influência benéfica na maneira como o corpo funciona, aumentando até mesmo a expectativa de vida.
A conclusão é de um trabalho conduzido na Universidade de Berkley, na Califórnia, e publicada na última edição do periódico científico Emotion.
SENTIR-SE BEM É UM REMÉDIO NATURAL
O estudo mostra que sensações de bem-estar, fruto do contato com o mundo natural, as artes e a espiritualidade, estão correlacionadas a níveis menores de citocinas pró-inflamatórias.
Estas citocinas são proteínas que mantêm o sistema imune em “estado de alerta”. Quando pegamos uma doença ou infecção, elas são essenciais para que o organismo combata, com sucesso, os invasores. Porém, em situações normais, sua permanência no corpo é nociva.
As citocinas pró-inflamatórias em níveis anormais já foram relacionadas a doenças como o diabetes tipo 2, problemas cardíacos, artrite e até mesmo Alzheimer.
Talvez o exemplo mais bem descrito de ação negativa das citocinas pró-inflamatórias é a depressão. Acredita-se que estas proteínas induzem o cérebro a produzir moléculas inflamatórias, bloqueando a produção e ação de hormônios e neurotransmissores – como a serotonina e a dopamina – que controlam o apetite, sono e memória.
ESTÁ NA HORA DE ADMIRAR AS BELEZAS DO MUNDO
Em pessoas que constantemente experimentam boas sensações, porém, estas citocinas parecem não ter tantos efeitos ruins.
[quote_right]O reflexo bioquímico das emoções positivas é um potente antiinflamatório – e com potencial de aumentar a qualidade de vida[/quote_right]Para chegar a esta conclusão, o estudo da Universidade da Califórnia recolheu material biológico de 200 adultos e correlacionou os níveis de citocinas a sentimentos como diversão, espanto, compaixão, alegria, amor e orgulho, anotadas pelos voluntários em um formulário diário.
“Nossos resultados demonstram que emoções positivas são associadas a marcadores da boa saúde”, afirmou Jennifer Stellar, pesquisadora da Universidade de Toronto e principal autora do estudo. De acordo com os dados, sensações vinculadas à beleza artística, natural e religiosa são as mais relacionadas a níveis menores de citocinas pró-inflamatórias, como a Interleucina-6.
“A admiração, a surpresa e a beleza estimulam níveis saudáveis de citocinas, sugerindo que as coisas que fazemos para vivenciar este tipo de experiências – como caminhar ao ar livre, deliciar-se com música, admirar arte – têm influência direta na saúde e na expectativa de vida”, comentou o psicólogo Dachner Keltner, co-autor do trabalho.