O número de pessoas que têm diabetes e não sabem cresceu no Brasil. São mais de 3,2 milhões casos sem diagnóstico. É o que aponta um estudo internacional obtido com exclusividade pelo Bom Dia Brasil. O país ocupa a quarta posição no ranking mundial de casos.
Ele nunca poderia imaginar que uma dor nas pernas seria algo tão sério. O aposentado Ivaldo Correia estava com diabetes em grau tão avançado que tinha atingido o sistema vascular. “Tinha feito diversos exames de sangue, dava alto e ninguém fazia nada, não tomava atitude, até que quando eu fui para o geriatra, ele começou a dizer: ‘Olha você tem que cuidar dessa diabete’”, conta.
Ele fez três pontes de safena, complicações que poderiam ter sido evitadas. “O paciente, quando tem diabetes e não sabe, ele não controla a glicemia que é (sic) a taxa de açúcar no sangue, então ele fica por muito tempo com essa taxa descontrolada, e quanto mais descontrolada está a taxa, maior é a agressão para as artérias”, afirma Eduardo Favero, angiologista e cirurgião vascular.
No Brasil, cresceu o número de pessoas que tem diabetes, mas não sabem. São 3,2 milhões casos não diagnosticados da doença, um aumento de 14% em relação a 2013. O estudo foi feito pela Federação Internacional de Diabetes, que divulgou o mapa mundial da doença.
Segundo a pesquisa, o Brasil tem mais de 11,6 milhões diabéticos, 8,7% da população de 20 a 79 anos. No número estimado de doentes, o país ocupa o quarto lugar no ranking, atrás da China, Índia e Estados Unidos.
O poder público precisa investir mais na prevenção da doença, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes. “Se fizesse campanhas como esta que estamos fazendo nesse mês azul, ou mês do diabetes, no sentido de alertar a população e fazer detecção da doença, você vai ter menos pessoas deixadas à margem do conhecimento da sua doença”, analisa Walter Minicucci, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes.
Além dos problemas da falta de diagnóstico e do diagnóstico tardio, existe um fator que tem contribuído muito para o aumento do número de diabéticos no país: a mudança, para pior, dos hábitos alimentares do brasileiro. Comida industrializada com muito sal, muito açúcar e pouco exercício físico é uma péssima combinação.
“Pela praticidade mesmo, tem muito fast food, coisa rápida, então acaba se alimentando pior mesmo”, diz uma mulher.
Bom Dia Brasil: O que você mais gosta de comer?
Anne Gabrielli Covre: Eu escolheria hambúrguer e batata frita, com certeza.
Bom Dia Brasil: E uma saladinha, arroz e feijão?
Anne Gabrielli Covre: Eu gosto mas eu acho que mais gostoso mesmo é o fast food.
“Deveria ser só de vez em quando, mas acaba sendo uma regra por causa da vida agitada, a gente não tem tempo, acaba comendo na rua sempre”, diz Rosemeri Covre, professora.
Para os pesquisadores, a doença deve continuar avançando no Brasil. Daqui a 20 anos, serão mais de 19 milhões de diabéticos. “Mudar os hábitos urgentemente, perdendo peso, comendo melhor, fazendo atividade física e, se possível, diminuindo o nível de estresse e jogando o cigarro fora pisando em cima dele nunca mais olhando para o maço de cigarro”, recomenda Walter Minicucci.
O Ministério da Saúde informou que criou políticas para reforçar o atendimento na atenção básica da saúde. E que os pacientes têm acesso a tratamento e a remédios de graça no SUS.