Quando olhamos para as informações nutricionais no rótulo de um alimento, podemos descobrir com facilidade a quantidade de açúcares presentes em cada porção, não é mesmo? Aparentemente sim, já que os “carboidratos” aparecem, bem visíveis, no início da lista. Mas o que muita gente não sabe é que, nos alimentos industrializados, há muitos açúcares “ocultos”, adicionados durante o processamento e que não são necessariamente discernidos nas embalagens.
Segundo um grupo de cientistas norte-americanos, estes açúcares “extra” ocultos nos alimentos são um problema visível de saúde em todo o mundo. Além de tornarem as pessoas mais gordinhas, os açúcares estão, também, deixando-as mais doentes.
Após reavaliarem dados científicos de mais de oito mil publicações, pesquisadores da Universidade da Califórnia em São Francisco, EUA, lançaram uma iniciativa chamada “SugarScience” (ou “Ciência do Açúcar”). Através da divulgação científica maciça de dados mostrando os perigos que o excesso de açúcar traz ao corpo, através do uso da internet e das redes sociais, os cientistas pretendem mudar a alarmante tendência mundial ao sobrepeso e à obesidade, problemas de saúde que são a porta de entrada a doenças ainda mais sérias, como a hipertensão e o diabetes tipo 2.
UM DOCE VILÃO
De acordo com os pesquisadores, até hoje as pessoas sabem, apenas, que açúcar engorda. Poucas têm a noção de que ele gera doenças, como problemas hepáticos, diabetes tipo 2 e uma série de doenças metabólicas, as quais estão surgindo cada vez mais cedo ao longo da vida.
O culpado disso tudo é, principalmente, o açúcar adicional que a indústria alimentícia acrescenta aos alimentos processados. Eles estão presentes em mais de 70% dos alimentos vendidos nos supermercados, são “escondidos” sob mais de 60 nomes diferentes e são, muitas vezes difíceis de identificar nos rótulos.
“Açúcar em exagero causa doenças metabólicas crônicas tanto em pessoas gordas quanto em magras”, afirma o endocrinologista Robert Lustig, membro do projeto SugarScience. “Ao invés de focar na obesidade como sendo o problema, devemos focar na cadeia de processamento alimentar”.
O QUE ACONTECE COM O CORPO QUANDO COMEMOS AÇÚCAR DEMAIS
Talvez o exemplo mais ilustrativo dos problemas à saúde que o açúcar adicional causa seja o caso das bebidas adocicadas artificialmente, como refrigerantes, sucos e energéticos. Por o açúcar estar diluído, ele é processado de maneira muito rápida pelo corpo – em alimentos naturais, é comum haver a presença de fibras, as quais retardam a absorção do açúcar pelo organismo; bebidas como refrigerantes não contêm fibras).
Com isso, muito açúcar chega rapidamente ao pâncreas e ao fígado para ser processado, e os órgãos não conseguem dar conta do recado. Isto causa pequenas “panes” no funcionamento dos órgãos, acarretando conseqüências que podem ser sentidas em todo o corpo.
Por exemplo, consumir muito açúcar faz com que a quantidade de açúcar no sangue aumente. Isto provoca uma resposta do pâncreas, que secreta mais insulina, um hormônio responsável por controlar as taxas de açúcar sangüíneo. Porém, insulina em excesso altera o funcionamento de outro hormônio, a leptina, a qual controle o apetite. Acaba ocorrendo em desbalanceamento de informações no corpo, acarretando no acúmulo de gordura no tecido adiposo e à perda progressiva da sensação de saciedade, o que, por sua vez, estimula a comilança. É um ciclo vicioso, dependente do sabor agradável que o açúcar industrializado causa no paladar.
ESTÁ NA HORA DE MUDAR!
Além de alertarem as autoridades políticas sobre os riscos do excesso de açúcar na alimentação e exigirem que o governo lance um novo modelo de rótulo alimentar, os cientistas do SugarScience lançaram diversas plataformas educativas online.
No site SugarScience.org é possível baixar infográficos, panfletos, livretos e até mesmo modelos de PowerPoint que servem de auxílio a projetos educativos sobre como se alimentar bem. A iniciativa conta com o apoio das redes sociais, tendo perfis em serviços populares como Twitter e Facebook. Por enquanto, o site está apenas em inglês.
“As pessoas estão ficando mais entendidas sobre os efeitos tóxicos do açúcar”, disse Dean Schillinger, professor de Medicina na Universidade da Califórnia. “Elas entendem que altas doses são prejudiciais à saúde”. Falta agora, segundo o cientista, polvilhar estas boas idéias sobre uma parcela ainda maior da população.
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