O mundo está ficando cada vez mais “pesado”. Este é um fato notado há décadas, tendo em vista as epidemias globais de sobrepeso, obesidade e de doenças correlacionadas. Para entender os misteriosos motivos por trás deste excesso de peso na população, muitos pesquisadores criam hipóteses partindo do ponto de vista evolutivo.
A idéia é a seguinte: o organismo humano evoluiu, ao longo de centenas de milhares de anos, de acordo com os hábitos de alimentação de nossos antecedentes longínquos, hábitos estes que não têm nada a ver com a maneira com nós comemos hoje. Por isto – defendem estes cientistas – é que tanta gente está acima do peso: os hábitos alimentares modernos não são compatíveis com a maneira como nosso corpo foi “construído” para lidar com a comida.
Uma nova pesquisa acadêmica, conduzida por cientistas do National Institute on Aging de Baltimore, nos EUA, e publicada no prestigiado periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), traz evidências que suportam a teoria evolutiva. Segundo os pesquisadores, todos nós deveríamos nos alimentar de maneira similar aos nossos antepassados.
Ou seja, nada de 3 grandes refeições por dia, mais lanchinhos. O certo, de acordo com a pesquisa, seria passar longos períodos sem comer nada e saciar-se à vontade quando finalmente chegar a hora de comer.
NOSSOS CORPOS FORAM MOLDADOS PELA ESCASSEZ
O trabalho publicado na PNAS revisou o que a Ciência sabe sobre hábitos alimentares modernos e de nossos antepassados, comparando-os com a maneira como mamíferos selvagens e humanos caçadores-coletores modernos se alimentam.
Diferente de nós, os mamíferos e os caçadores-coletores caçam poucas vezes por semana, alimentando-se fartamente quando conseguem uma presa. Depois, passam bastante tempo comendo pouco, até que a próxima caçada dê certo.
Os cientistas argumentam que o corpo humano evoluiu exatamente neste contexto, de alimento abundante um dia e escasso nos dias seguintes. Por isso, o organismo desenvolveu mecanismos que retém ao máximo a energia que conseguimos adquirir das comidas.
Dentre estes mecanismos estão o acúmulo de gordura no tecido adiposo e o acúmulo de açúcar no fígado para liberação em períodos de jejum.
No mundo moderno, no qual alimentos cheios de gorduras e açúcares são baratos e fáceis de encontrar, estes mecanismos de economia de energia deixam de ser úteis à sobrevivência. Quando ativados, eles dificultam a perda de peso e colaboram para o sobrepeso e a obesidade.
EXPERIMENTOS QUE COMPROVAM A TEORIA DO BOM JEJUM
Para mostrar que uma dieta intermitente – isto é, que mescla períodos curtos de alimentação com outros longos de jejum – é mais saudável do que comer três vezes por dia, o time revisou pesquisas anteriores em humanos e animais.
Estudos com vermes, camundongos e macacos mostram uma clara associação entre restrição alimentar e aumento no tempo de vida. Alguns modelos animais sugerem que a dieta intermitente é capaz de parar (ou até mesmo reverter) o diabetes e alguns tipos de câncer.
Ainda, o grupo de pesquisadores dá destaque a pesquisas que mostram que adotar um regime que inclui períodos de jejum gera mudanças positivas no metabolismo. Dentre elas está a melhora na maneira como o corpo utiliza a insulina, um fator positivo na prevenção do diabetes.
“Descobertas recentes em estudos com modelos animais e humanos sugerem que períodos curtos (16 horas) intermitentes de restrição energética podem melhorar a saúde e ajudar a curar doenças”, escrevem os pesquisadores. “Enquanto os dados sobre freqüência e horários ótimos para a alimentação se cristalizam, será importantíssimo que novas estratégias sejam adotadas nos sistemas de saúde e na prática médica, levando em conta estas novidades”.
[quote_box_center]Mais informações sobre o trabalho em: Meal frequency and timing in health and disease, Mark P. Mattson, PNAS, DOI: 10.1073/pnas.1413965111[/quote_box_center]
Bom artigo. Ainda sou da ideia do lema que, o ideal é emagrecer sim, mas com saúde.
Ótima informação! Devemos gastar aquilo que comemos para não estagnar dentro nosso corpo coisas desnecessárias como o excesso de algumas vitaminas, mnerais, gordura, proteína, fibra e carboidratos. Viver do básico é aparentemente bom e menos preocupante. Muitas industriais fazem propaganda para comermos mais dos produtos deles e sentirmos a necessidade daquilo. Seria interessante produzirem mais comidas saudáveis( sem substâncias)