Em 1987, durante uma viagem à exótica Tailândia, o austríaco Dietrich Mateschitz provou uma bebida estimulante à base de cafeína e açúcar. Gostou tanto do resultado que levou a receita a sua país. Nascia assim a Red Bull, bebida pioneira no mundo dos energéticos, um mercado que movimenta hoje bilhões de dólares em todo o mundo.
[quote_right]Energéticos são bebidas sem álcool à base de cafeína e de ingredientes como vitaminas, taurina, guaraná e ginseng.[/quote_right]Só no Brasil, a indústria dos energéticos faturou R$1,4 bilhão em 2013, um crescimento de 12% em relação ao ano anterior. As marcas mais apreciadas pelo consumidor são Red Bull, Burn (da Coca-Cola) e TNT (do grupo Petrópolis). No país, o consumo de energéticos é o que mais cresce entre as bebidas não alcoólicas.
Mas será que esta nova moda alimentar – popular especialmente entre os jovens – faz bem para o corpo? Um painel de especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou este mês uma análise de diversos estudos sobre os energéticos no periódico Frontiers in Public Health.
A conclusão é que o consumo de energéticos pode ser um risco à saúde pública, principalmente entre os mais novos.
AGITAÇÃO LETAL
O documento, redigido pelo escritório europeu da OMS, aponta alguns detalhes perigosos relativos ao consumo destas bebidas.
Um deles é a alta quantidade de cafeína. Energéticos são vendidos gelados, em latas pequenas. Isso faz com que os usuários ingiram uma quantidade enorme de cafeína em um curtíssimo espaço de tempo (comparado com quem ingere cafeína através do café, bebida quente que leva mais tempo para ser bebida).
Isto pode gerar um quadro conhecido como “intoxicação por cafeína”, que gera palpitações no coração, hipertensão, náuseas, vômitos, convulsões, psicose e pode, em casos extremos, levar à morte. Casos de intoxicação são cada vez mais comuns nos países europeus, de acordo com o relatório.
O PERIGO DO ÁLCOOL
Energéticos não contêm álcool em sua composição. Todavia, a maior parte dos jovens que consomem bebidas energéticas (70%, segundo pesquisas) mistura-as com álcool – em geral, vodka – e bebem com os amigos antes de sair à noite. A receita, apesar de apelar ao paladar, é perigosa. Vários estudos mostraram que misturar álcool e energéticos diminui a sensação de que a pessoa está bêbada, o que induz um consumo ainda maior de inebriantes.
Hospitais no mundo inteiro já relatam um aumento no número de casos de internação devido ao abuso de álcool e energéticos. Só nos EUA, cerca de 5000 casos foram registrados entre 2010 e 2011.
Contra a perigosa moda, países europeus estão implementando leis que impedem a venda de energéticos para menores de idade e controlam sua distribuição.
Como (quase) tudo na vida, consumir energéticos pode ser um grande prazer, desde que feito da maneira certa e sem exageros. O lado mau destas bebidas só aparece quando não são tomadas da maneira tradicional.