Muito se tem falado em “alimentação saudável” nos últimos anos. No geral, quando o termo é utilizado, a carne vermelha é vista como grande vilã da boa saúde. Afinal de contas, diversos estudos científicos mostram que o consumo constante deste tipo de alimento aumenta os riscos para uma série de doenças, como o diabetes, problemas cardiovasculares, aterosclerose e até mesmo alguns tipos de câncer, como o coloretal.
O governo norte-americano vem preparando diretrizes alimentares nos últimos meses que praticamente abolem o consumo da carne vermelha e processada. E foram estas diretrizes, as quais podem influenciar as compras de alimentos pelo Exército e para as merendas escolares, que gerou a ira da indústria da carne vermelha.
“Nós fomos colocados em uma posição ao longo dos anos em que temos quase que pedir desculpas pelo nosso produto. Nós não vamos mais fazer isso”, disse Barry Carpenter, presidente do Instituto Norte-americano da Carne.
EM DEFESA DA CARNE VERMELHA
[quote_right]”Parece que o comitê está mais interessado em publicar o que é modinha entre os “gourmets” do que fornecer bons conselhos à população”, disse um representante dos produtores[/quote_right]Os produtores de carne vermelha se reuniram em associações e estão lutando em Washington, capital dos EUA, por uma mudança na maneira como os legisladores encaram este tipo de alimento. A idéia é barrar o avanço de leis que restrinjam o consumo de carne e mostrar ao público que, no final das contas, ela não faz tão mal assim.
O argumento utilizado pela indústria é o de que carne vermelha magra é parte fundamental de uma dieta rica e equilibrada. A carne é fonte de diversos nutrientes e proteínas essenciais ao bom funcionamento do organismo.
Os comitês governamentais que estão criando as novas diretrizes alimentares escrevem, porém, que tais nutrientes e proteínas podem ser ingeridos através de alimentos como frutos do mar e legumes. A informação de que carne vermelha magra é uma opção viável aparece apenas no rodapé do documento.
“Parece que o comitê está mais interessado em publicar o que é modinha entre os “gourmets” do que fornecer conselhos cientificamente embasados para a dieta da população”, atacou Howard Hill, presidente do Conselho Nacional de Produtores de Suínos.
Enquanto o bate-boca persiste, uma vitória o lobby da carne vermelha já conseguiu. Nas primeiras versões das novas diretrizes alimentares, havia menções de que a população deveria basear sua alimentação mais em plantas do que em derivados animais (como carnes), uma vez que isto ajuda a manter o meio-ambiente conservado (plantações de hortaliças e leguminosas ocupam muito menos espaço físico do que rebanhos, além de gerar impacto ambiental menor). Após reclamações severas dos produtores de carnes, tais conselhos já foram completamente retirados da documentação oficial e não aparecerão mais nas próximas versões.