Vamos entender melhor um pouco do que os estudos científicos e órgãos de referência estão preconizando atualmente em relação à amamentação na pandemia??
Primeiramente, devemos relembrar que há alguns anos as campanhas da importância do aleitamento materno vem ganhando força no cenário nacional, visto os grandes avanços no entendimento das propriedades benéficas que esse ato proporciona tanto ao bebê quanto à mãe, sendo que isso se dá em curto prazo e longo prazo. Para isso, é preconizado que o aleitamento materno deve ser exclusivo até os 6 meses de vida e complementar até os 2 anos de idade ou mais da criança, pois o leite materno irá ser determinante para o desenvolvimento imunológico, físico e cognitivo, e conforme mencionado, não apenas enquanto bebê, como também no decorrer da vida adulta.
O leite materno é nutricionalmente adequado para o bebê, ou seja, ele é o melhor alimento para a nutrição nessa fase já que a sua composição em macro (carboidratos, proteínas e lipídeos) e micronutrientes (vitaminas e minerais) suprem as necessidades nutricionais específicas ao período, possibilitando o crescimento e desenvolvimento saudável!!
De acordo com dados levantados pela OMS e Unicef, a amamentação é capaz de salvar vidas de neonatos, ao fornecer, por exemplo, anticorpos protetores contra problemas nutricionais relevantes na infância, como infecções gastrointestinais e respiratórias. Além disso, a amamentação completa, desde o início da vida contribui como fator protetor ao desenvolvimento de obesidade na vida adulta, obviamente se um estilo de vida saudável for sempre seguido ao decorrer dos anos.
Os benefícios não param por aí. Além do impacto positivo na saúde do bebê, as mães também são amplamente beneficiadas com a amamentação. Assim, para a saúde da mãe, o aleitamento auxilia em sua saúde e qualidade de vida ao reduzir as chances de desenvolvimento de doenças, como o câncer de ovário. Além disso, a amamentação exclusiva atua como contraceptivo natural, bem como contribui para a redução do custo de vida da família, já que não é necessário o investimento em fórmulas infantis.
Todas essas informações são bacanas, mas muitas delas já amplamente divulgadas. Assim, as dúvidas atuais giram em torno da dúvida: eu devo amamentar o meu filho se eu estiver infectada com a COVID-19?
Para responder essa dúvida, alguns textos e posicionamento de órgãos oficiais foram consultados. Estes textos revelam dados de estudos científicos em andamento, bem como posições de profissionais referência na área. Por exemplo, a Revista da Associação Médica Brasileira reuniu os resultados de algumas pesquisas realizadas sobre a amamentação e a transmissão do novo coronavírus por meio do leite materno. Tratando-se de uma doença nova e pouco conhecida, ainda faltam dados sólidos para se afirmar sobre seus impactos a nível social.
Apesar disso, o que se sabe até o momento é que o aleitamento é seguro, ou seja, não é um fator de risco para a transmissão da carga viral para a criança pelo leite. E, ainda que mães lactantes estejam com suspeitas ou infectadas pelo novo coronavírus, órgãos governamentais recomendam que a amamentação seja mantida, levando em consideração todas as medidas de proteção, pois o aleitamento fortalecerá a saúde do bebê contra outras possíveis doenças.
Em relação a passagem do coronavírus pelo leite materno, ainda não há evidências suficientes de que isso sempre ocorra. Já foram encontradas pequenas quantidades de vírus sim no leite materno. No entanto, especula-se que isso contribui para o desenvolvimento de resposta imune da criança, constituindo-se uma hipótese muito interessante. Obviamente, os resultados são preliminares e novos estudos em populações maiores devem ser investigados para a confirmação de tais fatos.
Assim, a mensagem final que queremos passar é de que não há contraindicação para o aleitamento materno neste momento. Nesse sentido, mamães infectadas ou com suspeitas de COVID-19, com crianças em aleitamento, devem seguir os seguintes cuidados:
- Antes de tocar no bebê, higienizar bem as mãos e utilizar álcool em gel 70% em seguida;
- Se possível, utilizar a máscara corretamente durante a amamentação, ou seja, cobrindo totalmente o nariz e a boca. E evitar falar em cima do bebê;
- Se tossir ou espirrar, utilize um lenço de papel e descarte-o logo em seguida e lave as mãos. Se estiver usando a máscara, descarte-a e lave as mãos em seguida da mesma forma. Além disso, a máscara não deve ser reutilizada, ela deve ser trocada principalmente após espirrar, tossir e a cada nova mamada;
- Lavar as mamas após tossir e/ou espirrar sobre elas. No entanto, isso não é necessário fazer a cada mamada, somente em caso de tosse ou espirro;
- Mantenha as superfícies que são tocadas frequentemente sempre higienizadas;
Outras dicas são de que mães com suspeita ou com diagnóstico confirmado de COVID-19 busquem ajuda de alguém em boas condições de saúde para auxiliar nas demais tarefas do bebê, evitando assim que o contato entre ambos seja menos frequente durante o período da doença. Além disso, caras mamães, sempre respeitem as orientações dadas pelos profissionais da área da saúde que acompanham vocês!
Por hoje é isso, esperamos ter contribuído para esclarecer uma dúvida que gera tanta ansiedade para mães e companheiros, principalmente nesse momento de pandemia!
REFERÊNCIAS:
SAÚDE DA CRIANÇA: Nutrição Infantil: Aleitamento Materno e Alimentação Complementar – Caderno de Atenção Básica, nº 23 – MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009.
https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=6267:beneficios-da-amamentacao-superam-riscos-de-infeccao-por-covid-19-afirmam-opas-e-oms&Itemid=820. Acessado dia 23 de outubro de 2020.
https://www.unicef.org/brazil/aleitamento-materno. Acessado dia 23 de outubro de 2020.
Calil, V. M. L. T., Krebs, V. L. J., and Carvalho, W. B. de. (2020), Guidance on breastfeeding during the Covid-19 pandemic. Revista da Associação Médica Brasileira, 66: 541-546. doi: 10.1590/1806-9282.66.4.541
Chen, H., Guo, J., Wang, C., Luo, F., Yu, X., Zhang, W., Li, J., Zhao, D., Xu, D., Gong, Q., Liao, J., Yang, H., Hou, W., & Zhang, Y. (2020), Clinical characteristics and intrauterine vertical transmission potential of COVID-19 infection in nine pregnant women: a retrospective review of medical records. Lancet, 395: 809–815. doi: 10.1016/S0140-6736(20)30360-3